Sempre me surpreendo (pois acho um tremendo desperdício!) ao perguntar, durante os nossos workshops, quantas pessoas se consideram criativas e, apenas 2% dos participantes, em média, levantam as mãos. E olha que isso acontece em organizações de diferentes segmentos, com profissionais de áreas distintas, inclusive daquelas em que a criatividade parece, em um primeiro momento, ser uma competência fundamental.
Essa amostragem prática reflete os resultados da pesquisa iniciada, em 1968, pelo cientista George Land, que testou os níveis de criatividade de 1.600 crianças ao longo de alguns anos. A propósito, o teste que ele usou foi o mesmo criado para a NASA para ajudar a selecionar engenheiros e cientistas inovadores.
Segundo os resultados, 98% das pessoas são gênios criativos, até os 5 anos de idade. O problema é que, ao longo da vida, esse potencial vai caindo dramaticamente e, ao se chegar aos 30 anos aproximadamente, o percentual cai para apenas 2%!!!
Essa declínio, considerado uma prova de que estamos vivendo uma verdadeira crise de criatividade, parece estar caminhando na contramão das necessidades do mercado, se observarmos o relatório feito pelo World Economic Forum, sobre as 10 competências que serão necessárias em 2020:
Se em 2015, a Criatividade ocupava o 10º lugar na lista, em 2020 ela chegará ao 3º posto do ranking, atrás apenas de Pensamento Crítico e da Solução de Problemas Complexos, o que parece óbvio, uma vez que para resolver os dois primeiros ítens da lista, ser criativo parece ser uma competência absolutamente necessária.
Mas afinal, por que abrimos mão da nossa capacidade de usar o potencial criativo com o qual nascemos criativos?
Existem vários fatores que são indicados como causadores da perda da criatividade, como:
O sistema educacional, desenhado há 200 anos atrás durante a Revolução Industrial, prepara as crianças, desde os primeiros anos de vida escolar, para “assinalar a alternativa correta”, ao invés de estimulá-las a "criar alternativas, usando a imaginação”.
A pressão social que faz com que as crianças dediquem cada vez menos tempo a brincar, a imaginar e a experimentar. A tendência agora é que elas se concentrem, cada vez mais cedo, nas atividades “sérias” e tenham uma agenda de gente grande!
O engano de se achar que a criatividade está apenas ligada às artes, como pintar, tocar um instrumento, desenhar, atuar e a tudo mais que envolve manifestações artísticas.
A crença de que a criatividade é um dom e não uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida.
Mas como quebrar o ciclo e nos reconectarmos com o gênio criativo que está dormente dentro de cada um de nós, esperando para se libertar?
Bom, existem várias formas, que pretendo compartilhar, a partir deste primeiro artigo sobre o tema. Mas gostaria de começar citando a sugestão (e dando a minha modesta contribuição) do próprio George Land, com base nos estudos que ele fez durante anos:
Julgar e criticar menos...nós mesmos e os outros.
Escutar e imaginar mais...dando espaço para que novas conexões internas e externas sejam criadas.